sábado, 27 de novembro de 2010

London is coming closer...

Estou há 40 dias da maior aventura da minha vida, UM MÊS estudando em LONDRES. e pela primeira vez na vida, também, tenho tanta satisfação em conjugar o verbo ESTUDAR... afinal é Londres!!! Tudo bem, os ingleses são uns pé-no-saco, eu falo um inglês muito fila da puta de ruim, vou chegar lá em Janeiro, pleno inverno e na melhor das hipóteses vou pegar uns 7 graus de temperatura, vou ficar numa casa com um bando de desconhecidos falando os mais estranhos dos dialetos, passei 6 meses usando os dois lados do papel higiênico pra tentar economizar tudo que tinha e que não tinha (essa foi a parte mais difícil), passei dias trabalhando das 6 da manhã às 10 da noite... perdi matéria na universidade por isso (na verdade não foi só por isso, rsrsrs) e quase me afoguei em tanta ansiedade. 
Fora as horas grudado na tela do computador estudando as manhas da cidade que tem a fama de mais cara da Europa, me imaginando dentro das fotografias do rio Tâmisa, do Big Ben, da London eye, dos ônibus de dois andares, das cabines vermelhas espalhadas por toda Londres, do metrô que guarda um dos símbolos mais famosos da cidade, dos museus e parques... e sobretudo dos pubs londrinos. Sonhei com suas canecas cheias de "Guinness" e como ela cortava, gelada, minha garganta, sonhei com o som do blues, do jazz e do rock que faz desses lugares a maior expressão do espírito desta cidade, sempre movimentada e cosmopolita muuuuito graças aos milhões de imigrantes asiáticos, latinos, africanos e até mesmo de outras partes da europa os quais a cidade acolhe, é verdade nem sempre tão bem... mas acolhe, ou suporta. 



 
Enfim, depois de intermináveis meses no começo, agora parece que tudo passou tão rápido quanto a precocidade e pioneirismo da cidade de Londres, cidade esta que apresentou o capitalismo industrial ao mundo, com seus pros e contras. Eu me considero, se não pronto, mas de sobreaviso pra o que ela tem de melhor e pior a me oferecer... será um prazer viver suas fraquezas e gozar, dubiamente, das suas melhores virtudes, agora eu posso... UFAAA!!! sem o peso nas costas de antes e tranquilamente dizer: LONDON IS COMING CLOSER... e cada vez mais!!! espere por mim e apartir de Janeiro nunca mais seras a mesma, Londres. rsrsrsrs... 

por Tarcísio Correia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Proteção das florestas tropicais: o institucional na contra-mão do tradicional

 Desde a década de 90 procurou-se instrumentalizar a conservação das florestas tropicais por um mecanismo, uma organização civil, chamado Certificação Florestal, que estabelece regras de manejo sustentável das florestas e concede um certificado de atividade sustentável internacionalmente reconhecido para aqueles que as cumprem. Essas regras, no entanto, vêem inviabilizando as atividades das comunidades tradicionais, expondo-as a uma competição desleal com os grandes empreendimentos florestais.
As regras são inflexíveis e privilegiam os grandes. Exemplos disso são as taxas do processo de certificação, elas são fixas e independem do tamanho do empreendimento, assim numa propriedade de 10000 ha os custos serão relativamente menores em relação a uma propriedade de 5000 há, deixando clara a situação de desvantagem em que ficam as comunidades tradicionais, além disso, as comunidades lidam com sistemas naturais, ou seja, floresta tropical nativa, que por sua alta biodiversidade e complexidade ecológica exigem planos de manejo bem mais elaborados e custosos, ao contrário dos plantios florestais, eucalipto, pinos, que se baseiam na monocultura e permitem um plano de manejo bem menos dispendioso. 
Na prática isso produz uma competição extremamente desleal, a favor dos grandes complexos florestais, impede o desenvolvimento sócio-econômico das populações tradicionais, uma vez que impede a viabilidade econômica de suas atividades, estimulando a migração para práticas exploratórias mais intensas e pouco ou nada sustentáveis. O que acaba por descaracterizar-las culturalmente como tradicionais, além de provocar a migração dessas comunidades para as cidades, expulsando os únicos conhecedores e reais protetores das florestas tropicais, os precursores, por vocação, da tão divulgada e ainda ridicularizada pelos meios de comunicação, sustentabilidade. 
É possível enxergar desta forma, os selos de certificação como o símbolo do cinismo da empresas que estão entre as que mais destroem os recursos florestais do país, a exemplo da Vale e Aracruz Celulose e ainda assim podem exibir em suas caras campanhas publicitárias o título de sustentáveis, afinal de contas pagaram por isso. 
Nesse sentido é importantíssimo se aprofundar em como a relação entre populações tradicionais e certificadoras se dá na prática, buscando identificar e apontar  os verdadeiros vilões dessa história e melhor compreender o quanto isso interfere negativamente na conservação das florestas tropicais. Daí então, construir soluções eficazes de redução da destruição desses biomas que ao invés de excluir, como acontece hoje, ao contrário, inclua as populações da floresta, que se constituem no único foco de resistência das matas tropicais.

 por Tarcísio Correia.